José Pinho, natural de Ovar, sempre adorou passar os dias a fazer birdwatching, completamente imersivo na natureza. Há cerca de 10 anos, num passeio de domingo que fez com a mulher, Maria, descobriu uma casa em ruínas na cidade onde vive, inserida numa área de Aves Importantes (IBA) pela Birdlife International.
O terreno com vista para a serra da Freita e o rio Castér conquistou José, que sempre teve um gosto pelo empreendedorismo. “Surgiu-lhes a ideia de recuperar a propriedade e começar a receber turistas, mais numa vertente de alojamento de natureza. Fica naquilo que chamamos um santuário de aves, pelo que era o sítio perfeito”, começa por contar à NiT o filho Luís Pinho, de 27 anos.
A paixão pela natureza e a vontade de desenvolver um empreendimento turístico levou-o a abrir, em 2015, o Be & See in Nature, que tem como principal atividade o birdwatching. “Esta primeira casa começou como uma experiência e vimos que resultou, teve muita procura e gostámos deste contacto com os hóspedes. Então, pensámos abrir um segundo espaço na nossa quinta de família”, recorda.
A propriedade, também em Ovar, foi adquirida pelos pais de Luís em 1997 e foi, durante muitos anos, ponto de encontro entre amigos e familiares aos fins de semana. Juntavam-se para celebrar aniversários, para festejar o Natal e tantas outras festas. Era o local perfeito para abrir o Be & See in River, um complexo turístico em plena natureza e tranquilidade, serpenteado pela ribeira das Lages e envolvida numa vegetação densa e variada, onde se destacam os carvalhos centenários.
Em 2022, a quinta de família passou a ser um alojamento, após uma série de intervenções para transformar a propriedade num “lugar mágico”. O enfoque deste segundo turismo de natureza é o milho, cereal cultivado no passado nas terras regadas pela ribeira, onde em tempos existia um grande moinho.
“Era muito conhecido aqui na zona porque conseguia produzir muita farinha. Conseguimos recuperar todo o edificado e decidimos criar quartos com decorações diferentes, todas alusivas ao milho”, explica.
As obras arrancaram em 2018 e foi “tudo reconstruído com base nas origens”. A propriedade tem cinco moinhos, sendo que apenas um continua a funcionar —hoje é uma espécie de museu. “Os hóspedes podem visitá-lo e perceber como funciona a produção, quais são os utensílios necessários”, explica.
Um dos antigos moinhos de água, que ainda hoje continua a ter a roda, transformou-se na Casa da Azenha, com duas suites com casa de banho privativo. O mesmo aconteceu com o edifício, hoje conhecido como a Casa Amarela, com três suites independentes. O quinto moinho, onde antes se produzia farinha, é agora uma zona de pequenos-almoços.
Além destes cinco quartos, destacam-se outros dois alojamentos com características peculiares. Um deles, considerado o “ex-libris do alojamento”, é a incrível casa da árvore. “É o conceito puro e duro do que é uma casa na árvore. O arbusto atravessa o quarto, que fica situado no primeiro andar. Junto à cama temos duas janelas, uma na horizontal e outra na vertical, que oferecem as melhores vistas para a propriedade”, destaca o responsável.
Os hóspedes podem ainda escolher ficar no Espigueiro, construído para recriar as estruturas em pedra ou madeira onde se guardam as espigas do milho. Cada uma das unidades de alojamento é uma verdadeira escapadinha romântica, até porque o Be & See in River só aceita pessoas com mais de 18 anos.
“Queríamos criar este conceito mais romântico para atrair casais que querem refugiar-se num alojamento de tranquilidade e paz”, explica Luís. O ambiente torna-se ainda mais mágico graças aos vários serviços que o turismo disponibiliza. Um dos protagonistas do alojamento é o jacuzzi nórdico escondido no meio das árvores e com vista para o rio e para a ribeira.
“É um serviço pago à parte (85€) que só pode ser realizado uma vez por dia, ao final do dia. É um banho quente aromatizado com diferentes tipos de ervas, com diferentes propriedades e usos medicinais”, sublinha. A água costuma estar entre os 36 e os 39 graus e é aquecida por uma salamandra a lenha, pelo que leva algum tempo de preparação. É sempre oferecido uma tábua de does e salgados, bem como espumantes, para que os casais possam usufruir ainda mais desta experiência única.
Outro destaque é a praia fluvial que está à disposição dos hóspedes. Por existirem vários moinhos nesta zona, há também um canal que leva a água até ao mesmo. “Para haver essa levada existe um açude, uma espécie de barragem, que tem uma zona mais funda e tem uma maior quantidade de água. Com isso conseguimos fazer uma praia fluvial privada, uma vez que toda a propriedade circunda essas duas ribeiras”, afirma.
Ainda em relação a zonas comum, dispõem de uma sala com bilhar e vários livros, assim como uma piscina natural com água que vem de uma nascente. “Não está pintada, foi apenas murada para segurar a água. O facto de ser mesmo natural é outro ponto atrativo que nos diferencia”, destaca.
Aulas de observação de aves e de astronomia são outras das atividades disponíveis no Be & See River, mas há outro ponto atrativo que conquista os hóspedes entre maio e outubro: nas zonas em que não há iluminação exterior, é possível ver milhares de pirilampos a iluminar a propriedade.
Com cerca de três hectares e meio de área, há também uma série de trilhos criados pela própria família para poderem explorar o terreno à vontade. O turismo de natureza está aberto apenas entre fevereiro e outubro. Os valores da estadia rondam os 130€ e os 180€ e as reservas podem ser feitas online.
Carregue na galeria para ver mais imagens este refúgio mágico perfeito para casais.
https://www.nit.pt/fora-de-casa/turismos-rurais-e-hoteis/o-refugio-magico-em-ovar-com-jacuzzi-nordico-praia-fluvial-e-milhares-de-pirilampos